Engenhos de farinha: cultura viva catarinense
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Foto do escritorMandato Agroecológico

Engenhos de farinha: cultura viva catarinense


Mandioca, aipim ou macaxeira. Seja qual for o nome pelo qual é chamada, ela é uma raiz que simboliza a soberania alimentar dos nossos povos originários há muito tempo. Os indígenas já consumiam a mandioca de várias maneiras: pirão d’água, beiju, extraíam o polvilho para fazer broas, bijajicas e outras iguarias.

Os açorianos chegados a Nossa Senhora do Desterro estabeleceram os Engenhos de Farinha, introduzindo este equipamento como instrumento de manuseio da planta, mantendo a essência do uso, que é ancorado nas bases indígenas. Os engenhos de farinha são pontos de encontro das comunidades de Florianópolis, e merecem ações de proteção para estes saberes que ultrapassam gerações.

Os Engenhos de Farinha estão enraizados na história e tradições do litoral catarinense e encostas da serra. Eles também vêm garantindo há séculos a soberania e segurança alimentar desta região. Porém, hoje, os engenhos são considerados um patrimônio em risco; enfrentando ameaças durante as crises atuais.

Em maio de 2019, realizamos o Grande Expediente com falas de representantes dos engenhos de farinha. Nesse evento, a Rede Catarinense de Engenhos de Farinha entregou ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), à Fundação Catarinense de Cultura e à Fundação Franklin Cascaes, a proposta de registro dos “Saberes e Práticas Tradicionais associados aos Engenhos de Farinha de Santa Catarina”, como patrimônio cultural brasileiro, catarinense e florianopolitano.

Nesse mesmo período, o nosso mandato promoveu uma Sessão Especial de abertura da temporada do feitio artesanal da farinha de mandioca. Foram entregues 32 homenagens à mestras e mestres de engenhos, além de pesquisadores e ativistas que lutam pela preservação do patrimônio agroalimentar e cultural dos engenhos.

O registro dos Saberes e Práticas Tradicionais associados aos Engenhos de Farinha de Santa Catarina busca o reconhecimento e proteção legal desta tradição que se atualiza há mais de dois séculos em Santa Catarina e se está ameaçada por restrições sanitárias e ambientais, especulação imobiliária e modelos excludentes de desenvolvimento territorial.

Esse movimento teve resultado no dia 21 de março de 2022. Nesse dia, aconteceu na Casa da Memória Annita Hoepcke a Cerimônia de Assinatura e Certificação de Registro do Bem de Natureza Imaterial ou Intangível. Essa cerimônia reconheceu as “Bandas Civis Centenárias de Florianópolis” e os “Saberes e Práticas Tradicionais Associadas aos Engenhos de farinha de Mandiocas Artesanal de Florianópolis” como patrimônios culturais imateriais de Florianópolis.

Preservar a cultura é preservar o centro de todas as civilizações e a garantia de permanência da nossa história na Terra. Além de toda a tradição, existe muito trabalho árduo desses pontos de cultura, por isso, merecem o título de patrimônio cultural e imaterial e todo o reconhecimento por manter a história viva.


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