No Mês do Ambiente, trouxemos seminários, oficinas, e lives falando da importância da Preservação do bioma da Mata Atlântica, da sua relação com a biodiversidade, o controle do clima, e os recursos hídricos. Mas não é a toa que falamos que o Ambiente não é meio, e sim inteiro - a preservação da Mata Atlântica se conecta diretamente com a vida de todes, na floresta, no campo, e também na cidade.
O desmatamento, o envenenamento do solo através de agrotóxicos, a poluição de corpos hídricos através do saneamento tradicional, todos esses fatores constroem diretamente o cenário de crise hídrica em que vivemos. A crise hídrica, por suas vez, intensifica desigualdades, a insegurança sanitária, e também a insegurança alimentar.
Mas como a fome se relaciona com a crise hídrica?
A fome vem acompanhada de muitas outras carências, destacadamente a falta de água. Segundo pesquisa da REDESAN, a proporção de domicílios rurais com habitantes em situação de fome dobra quando não há disponibilidade adequada de água, de 21,8% para 44,2%. A relação entre a insegurança alimentar e a insegurança hídrica é incontestável.
Além disso, o abastecimento irregular de água é uma das condições que aumentam a transmissão pessoa a pessoa da Covid-19, ocorrendo com maior frequência em domicílios e regiões mais pobres do país.
É importante observar o marcador regional e de raça; segundo dados da Rede PESSAN, que estudou a insegurança alimentar no contexto da pandemia no Brasil, a insegurança hídrica atingiu, em 2020, 40,2% dos domicílios do Nordeste e 38,4% do Norte, respectivamente. Esses percentuais são quase três vezes maiores aos das demais regiões.
É importante também lembrar que a Agroindústria, que é grande responsável pelo desmatamento, uso de agrotóxicos e perda da biodiversidade, é também a maior responsável pelo desperdício de água no Brasil. Se queremos vencer a fome e a sede, não podemos então responder com mais agronegócio - pelo contrário.
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